SUMIETAMA
SUMIETAMA é uma civilização muito mais avançada que a nossa, formada por centenas de nações indígenas, é um universo escondido dentro do grande Brasil, fundada milênios antes da chegada dos colonizadores portugueses pelo lendário Sumié.
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Em SUMIETAMA todo conhecimento ancestral e das tecnologias do mundo atual se misturam, a população vive em perfeita harmonia com a natureza, recicla 100% dos seu lixo, não polui águas nem o ar, e usam o Tupi-Antigo como idioma comum para os mais de 300 povos ancestrais brasileiros.
Acompanhe as aventuras da família Ybyrapytanga em SUMIETAMA enquanto aprende o básico de conversação em Tupi-Antigo.
Aula de conversação I – a chegada de Rembémumbu - Texto em Tupi por Romildo Araújo (clique aqui para conhecer mais o trabalho do Professor Romildo em Tupi Antigo)
Transcrição e Tradução
1-Pindobuçu – Type chegou, e ele vem acompanhado de uma amigo.
Té! Type our umã! A’e our tapixara irunamo.
2-Potyra – Abra a porta para ele, meu filho.
Xe membyr îu! Esokendabok îandé roka t’our a’e.
3-Pindobuçu – vieste de Reritiba, meu primo?
Ereîúrype Rerityba suí, xe rybyra gûé?
4-Type – Sim eu vim. Deixe eu apresentá-lo, este é meu amigo Rembémumbú.
Pá! Aîur, xe ryky’yra. T’arokûab, ikó xe raûsupara Rembemumbú.
5-[Olá!] Muito prazer, meu nome é Rembemumbú, sou da etnia Aimoré.
Eîkobé! Xe roryb nde kuapa, Xe rera Rembémumbu, xé anama é Aimoré.
6-Pindobuçu - Logo deduzi pelo botoque em seus lábios - entre por favor.
Aîkugûab aûnhenhẽ nde tembé botoque repîaka. - T’ereîké, xe irũ
Na cozinha (Tembi’u moîypá’pe)
7-Potyra – Sejam bem vindos em nossa casa.
Ta peîkókatu oré róka pupé!
8-Type – Estou feliz por estar aqui. A senhora está preparando maniçoba?
Xe roryb iké gûitekóbo! Endé tembi’u manisoba ereîapó eîkóbo serã?
9-Potyra – Sim, e esta noite eu te convido para jantar.
Eẽ, kó Pytũneme, ixé oroso’o t’îakaru ne .
10- Type – Me desculpe, essa noite eu não posso, tenho um compromisso na casa de amigos Potiguaras.
Nde nhyrõ xébe. Kó pytũneme nda’ekatuî. Aîkó temone xe rapixara Potiguara roka pupé.
11-Pindobusu – que pena, a maniçoba de minha mãe é a melhor de Piratininga
Erĩ, Tembi’u manisoba xe sy rembiapó sékatueté Pirarininga suíxûara suí.
12-Type – o cheiro está muito bom!!
Syapûangatu nhẽ!
Pindobuçú – não tem problema, da próxima vez que vier aqui prepararemos de novo a maniçoba para comermos.
I marane’ym! Nde rúsagûãme abé, t’îaîapó abé Manisoba t’îa’u ne.
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Vocabulário
Conjugação do verbo Karú - Comer
(o hífen no morfema a frente do verbo foi colocado por questões didáticas, não há necessidade de uso na escrita)
Notas dos Professores
Como Sumetama é uma civilização inventada a partir da estrapolação do que teria sido a evolução de aldeias Tupiniquins, Tupinambás, etc., resolvemos adotar e criar alguns conceitos não existentes nas época antigas, mas completamente baseado e orientado para o perfeito uso do Tupi Antigo, evitando ao máximo o uso neologismos. As palavras inventadas serão devidamente informadas no decorrer das aulas.
a - Na linha 2
Potyra diz “Abra a porta para ele, meu filho” nos ilustrando essa dificuldade, posto que, não existiam portas nas casas nas aldeias pre-colonialistas.
O professor Romildo usou “Xe membyr îu! Esokendabok îandé roka t’our a’e” – onde Oka (r-, s-) significa casa e porta é escrita como Okena (r-, s-).
Em textos bíblicos traduzidos para o Tupi Antigo vemos a seguinte passagem “que disse a mulher que guardava a porta de São Pedro?” – traduzido da seguinte forma “Marã e’ipe kunhã okena rerekoara São Pedro supé? (A.r., Cat 55v)
Okendab – (s) (v, tr) – fechar (porta, janela, carta), encerrar (pessoa, etc.:):
Osokendab a’e karamemûã itagâsu pupé.
Fecharam aquele tumulo com uma pedra grande. (A.r., Cat 64v);
Itá karamemûã pupé i nongi, sokendapa.
Dentro de uma sepultura de pedra puseram-no, fechando-a (Benttendorff, Compêndio, 50);
E por fim Okendaba (Okendapaba) é o nome dado ao instrumento de madeira usado para fechar protas, prendendo-a ao batente.
Com isso temos:
Okendabok – entrada (de casa, de casa, de caixa, etc); porta, janela (VLB, I, 18);
Okendabok (s) (etim. – arrancar o tampo) (v. Tr.) – abrir (p. Ex., a porta, a janela, o tampo de):Esokendabok nde roka. – Abra a porta de tua casa (VBB. I, 18);
Dessa forma ainda podemos dizer:
Fechar a porta
Okenda-pab.
Ou
Fechar a porta
Okendab-a.
Abrir a porta
Okendab-‘ok.
A-sokendab xe roka
Fechei a porta da minha casa.
A saudação Lacrimosa
b- Na linha 3
3-Pindobuçu diz “vieste de Reritiba, meu primo?”
Ereîúrype Rerityba suí, xe rybyra gûé?
Um dos aspectos mais interessantes dos indigenas de fala Tupi do Brasil quinhentista é a maneira pela qual recebiam seus hospedes e forasteiros. Conforme relata o Padre Fernão Cardim:
“Entrando-lhe algum hóspede pela casa, a honra e agasalho que lhe fazem é chorarem-no. Entretanto, pois, logo o hóspede na casa, o assentam na rede e, depois de assentado, sem lhe falarem, a mulher e filhas e mais amigas se assentam ao redor, com os cabelos baixos, tocando com a mão na mesma pessoa, e começam a chorar todas em altas vozes, com grande, com grande abundância de lágrimas e ali contam em prosas trovadas quantas coisas tem acontecido desde que se não viram até aquela hora e outras muitas que imaginam e trabalhos que o hóspede padeceu pelo caminho e tudo o mais que pode provocar a lástima e o choro. O hóspede, nesse tempo, não fala palavra, mas depois de chorarem por bom espaço de tempo, limpam as lágrimas e ficam tão quietas, modestas, serenas e alegres que parece (que) nunca choraram e logo saúdam e dão o seu Ereîupe , e lhe trazem de comer etc., e depois dessas cerimônias contam os hóspedes ao que vêm. Também os homens choram uns aos outros, mas é em casos alguns graves, como mortes, desastres de guerra, etc. Tem por grande honra agasalharem a todos e darem-lho todo o necessário para sua sustentação e algumas peças como arcos, flechas, pássaros, penas e outras coisas, conforme a sua pobreza, sem algum gênero de estipêndio”.
Tratados da Terra e da Gente do Brasil, p. 108
Obviamente que em Sumietama, uma civilização mais avançada, esse ritual antigo já não é mais performado, no entanto, opta-se por adotar o cumprimento tradicional, que se repete por gerações:
O anfitrião diz:
-Ere îurype?
-Você veio?
E o viajante responde:
-Pa, a îur.
-Sim, eu vim.
Essa pergunta e resposta se repete por três a quatro vezes enquanto memorizam bons momentos de suas relações em comum, até que seus olhos se encham de lagrima.
Ai final usa-se gûé, com o significado de ‘meu querido’ e atualmente pode até ser entendido pelas novas gerações como ‘meu brother’.
Mamõ-pe ere-îkó, xe irũ gûé?
Onde mora você, meu querido companheiro?
Importante que se diga que para mulher usamos iú ou ió
Xe’ma enduar nde sy pupé, Potyr ió
Eu me lembro de sua mãe, querida Potyra
Cumprimentos
Básicos da Conversação
Básicos da despedida/outros
Complementos
REFERÊNCIAS
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N24d
Navarro, Eduardo de Almeida
Dicionário de tupi antigo : a língua indígena clássica do Brasil / Eduardo de Almeida Navarro ; prefácio Ariano Suassuna; [ilustrações Célio Cardoso]. - 1. ed. - São Paulo : Global, 2013. il.
Vocabulário português-tupi e dicionário tupi-português, Tupinismo no português do Brasil, Etimologia de topônimos e e antropônimos de origem tupi
ISBN 978-85-260-1933-1 1.
Língua tupi-guarani - Dicionários - Português. 2. Língua portuguesa - Dicionários - Tupi. I. Suassuna, Ariano, 1927- II. Título.
13-02933
CDD: 498.3829
CDU: 811.87(038)
Vocabulário
Eikobé | Olá |
Embé | Beiço, lábio |
Embi'u | Comida, bebida |
Gûitekóbo | Correspondente ao nosso “estar”, no gerúndio |
irunamo | Acompanhado de |
Ka'u | Beber Cauim |
Maran | estar aflito, enfermo, ter problema |
Menbyra | Filho |
Nhyrõ | (xe) Perdoar, ser pacífico |
Pá | Sim |
Pytũna | Noite |
Rybyra | Primo |
Tapixara, rapixara | Amigo, semelhante, o próximo |
(o hífen no morfema a frente do verbo foi colocado por questões didáticas, não há necessidade de uso na escrita)
ixé a-karú | Eu como |
endé ere-karú | Tu comes |
a'e o-karú | Ele/ela come |
oré oró-karú | Nós comemos (exclusivo) |
îandé îa-karú | Nós comemos (inclusivo) |
peẽ pe-karú | Vós comestes |
a'e o-karú | Eles/elas comem |
Como Sumetama é uma civilização inventada a partir da estrapolação do que teria sido a evolução de aldeias Tupiniquins, Tupinambás, etc., resolvemos adotar e criar alguns conceitos não existentes nas época antigas, mas completamente baseado e orientado para o perfeito uso do Tupi Antigo, evitando ao máximo o uso neologismos. As palavras inventadas serão devidamente informadas no decorrer das aulas.
a - Na linha 2
Potyra diz “Abra a porta para ele, meu filho” nos ilustrando essa dificuldade, posto que, não existiam portas nas casas nas aldeias pre-colonialistas.
O professor Romildo usou “Xe membyr îu! Esokendabok îandé roka t’our a’e” – onde Oka (r-, s-) significa casa e porta é escrita como Okena (r-, s-).
Em textos bíblicos traduzidos para o Tupi Antigo vemos a seguinte passagem “que disse a mulher que guardava a porta de São Pedro?” – traduzido da seguinte forma “Marã e’ipe kunhã okena rerekoara São Pedro supé? (A.r., Cat 55v)
Okendab – (s) (v, tr) – fechar (porta, janela, carta), encerrar (pessoa, etc.:):
Osokendab a’e karamemûã itagâsu pupé.
Fecharam aquele tumulo com uma pedra grande. (A.r., Cat 64v);
Itá karamemûã pupé i nongi, sokendapa.
Dentro de uma sepultura de pedra puseram-no, fechando-a (Benttendorff, Compêndio, 50);
E por fim Okendaba (Okendapaba) é o nome dado ao instrumento de madeira usado para fechar protas, prendendo-a ao batente.
Com isso temos:
Okendabok – entrada (de casa, de casa, de caixa, etc); porta, janela (VLB, I, 18);
Okendabok (s) (etim. – arrancar o tampo) (v. Tr.) – abrir (p. Ex., a porta, a janela, o tampo de):Esokendabok nde roka. – Abra a porta de tua casa (VBB. I, 18);
Dessa forma ainda podemos dizer:
Fechar a porta
Okenda-pab.
Ou
Fechar a porta
Okendab-a.
Abrir a porta
Okendab-‘ok.
A-sokendab xe roka
Fechei a porta da minha casa.
A saudação Lacrimosa
b- Na linha 3
3-Pindobuçu diz “vieste de Reritiba, meu primo?”
Ereîúrype Rerityba suí, xe rybyra gûé?
Um dos aspectos mais interessantes dos indigenas de fala Tupi do Brasil quinhentista é a maneira pela qual recebiam seus hospedes e forasteiros. Conforme relata o Padre Fernão Cardim:
“Entrando-lhe algum hóspede pela casa, a honra e agasalho que lhe fazem é chorarem-no. Entretanto, pois, logo o hóspede na casa, o assentam na rede e, depois de assentado, sem lhe falarem, a mulher e filhas e mais amigas se assentam ao redor, com os cabelos baixos, tocando com a mão na mesma pessoa, e começam a chorar todas em altas vozes, com grande, com grande abundância de lágrimas e ali contam em prosas trovadas quantas coisas tem acontecido desde que se não viram até aquela hora e outras muitas que imaginam e trabalhos que o hóspede padeceu pelo caminho e tudo o mais que pode provocar a lástima e o choro. O hóspede, nesse tempo, não fala palavra, mas depois de chorarem por bom espaço de tempo, limpam as lágrimas e ficam tão quietas, modestas, serenas e alegres que parece (que) nunca choraram e logo saúdam e dão o seu Ereîupe , e lhe trazem de comer etc., e depois dessas cerimônias contam os hóspedes ao que vêm. Também os homens choram uns aos outros, mas é em casos alguns graves, como mortes, desastres de guerra, etc. Tem por grande honra agasalharem a todos e darem-lho todo o necessário para sua sustentação e algumas peças como arcos, flechas, pássaros, penas e outras coisas, conforme a sua pobreza, sem algum gênero de estipêndio”.
Tratados da Terra e da Gente do Brasil, p. 108
Saudação Lacrimosa - Arte Tupi-Pop por Luiz Pagano |
Obviamente que em Sumietama, uma civilização mais avançada, esse ritual antigo já não é mais performado, no entanto, opta-se por adotar o cumprimento tradicional, que se repete por gerações:
O anfitrião diz:
-Ere îurype?
-Você veio?
E o viajante responde:
-Pa, a îur.
-Sim, eu vim.
Essa pergunta e resposta se repete por três a quatro vezes enquanto memorizam bons momentos de suas relações em comum, até que seus olhos se encham de lagrima.
Ai final usa-se gûé, com o significado de ‘meu querido’ e atualmente pode até ser entendido pelas novas gerações como ‘meu brother’.
Mamõ-pe ere-îkó, xe irũ gûé?
Onde mora você, meu querido companheiro?
Importante que se diga que para mulher usamos iú ou ió
Xe’ma enduar nde sy pupé, Potyr ió
Eu me lembro de sua mãe, querida Potyra
Cumprimentos
Bom dia! | Tiá nde ko'ema! |
Boa tarde! | Tiá nde karuka! |
Boa noite! | Tiá nde pytúna! |
Saúde, tin-tin, cheers! | T'reikokatu! |
Com licença | nde xe repiaki | ||
Por favor | io kuereke katuramo | ||
Me desculpe | nde nhyrõ xebé. | ||
Obrigado | aikûguab | ||
Sinto muito | A-î-moasy-katu | ||
Passas bem? | Ere-îkobé-pe? | ||
Você está bem? | Ere-îkó-katú-pe? | ||
Eu estou bem. | A-îkó-katu. | ||
Muito bem | Aûîébeté | ||
De nada | Aîkuab [endé xe pytybõ] =eu reconheço (que tu me ajudou) |
Durma bem! | T'ere-ké-katu! |
Tchau! virei aqui de novo | Ne'ĩ, a-îur ikó! |
Tchau, vou embora! | Ne'ĩ, a-só ikó! |
Durmam bem! | Ta pe-ké-katu! |
Vamos nós! | T'îa-só-ne! |
Fico feliz por você! | Xe r-oryb endé r-esé! |
Parabéns! Agiste bem! | Ere-îkó-katu-eté |
Verdade! | Supindûara |
Mentira! | Mo'ema |
Falso! | A'uba |
Obrigado! | Aûîé, aûîébeté, aîkugûab. |
De nada! | Aûîé. |
Seja Bem vindo! | T'ereîukatu |
Tchau | Anheté (até mais) |
REFERÊNCIAS
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N24d
Navarro, Eduardo de Almeida
Dicionário de tupi antigo : a língua indígena clássica do Brasil / Eduardo de Almeida Navarro ; prefácio Ariano Suassuna; [ilustrações Célio Cardoso]. - 1. ed. - São Paulo : Global, 2013. il.
Vocabulário português-tupi e dicionário tupi-português, Tupinismo no português do Brasil, Etimologia de topônimos e e antropônimos de origem tupi
ISBN 978-85-260-1933-1 1.
Língua tupi-guarani - Dicionários - Português. 2. Língua portuguesa - Dicionários - Tupi. I. Suassuna, Ariano, 1927- II. Título.
13-02933
CDD: 498.3829
CDU: 811.87(038)
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